Os reais motivos por que tubarões atacam humanos

A água cristalina que estava sob de Hannah Mighall, de 13 anos, escureceu por um momento.

GETTY IMAGES / Por Richard Gray / Role,BBC Future / POR SRS

Ela estava sentada na prancha de surfe, aproveitando o calor do sol enquanto aguardava, junto ao primo, a próxima onda na idílica Baía do Fogo, na Tasmânia.

Atrás deles, a praia de areia branca e brilhante estava praticamente deserta. Tudo ia bem até aquele momento.

A sombra repentina que apareceu debaixo d’água fez com que Mighall levantasse instintivamente os pés: bolas de algas se chocavam com frequência contra as rochas, ficando à deriva no mar.

Mas, então, algo se apoderou da sua perna.

“A princípio, não senti dor, era como se algo tivesse me pegado gentilmente e, quando vi, estava na água.”

Para aqueles que testemunharam a cena, no entanto, não teve nada de “gentil”.

A água ao redor de Mighall se agitou violentamente quando um tubarão-branco de cinco metros de comprimento enganchou na sua perna direita, a levantou da prancha de surfe e a sacudiu no ar antes de desaparecer debaixo d’água.

“Demorei alguns segundos para perceber que era um tubarão”, conta.

‘Pesadelo’

“Quando voltei para a superfície, estava de costas, mas minha perna estava na boca dele. Só conseguia ver minha perna com a roupa de mergulho preta, seus dentes, as gengivas rosadas e a parte escura debaixo do nariz. Pensei que estava tendo um pesadelo e continuei tentando abrir os olhos.”

O primo de Mighall, Syb Mundy, de 33 anos, estava sentado em sua própria prancha a poucos metros de distância. Ele nadou em direção a ela e começou a bater na lateral da cabeça do tubarão.

O animal se afastou e, quando submergiu, soltou Mighall, avançando na prancha de surfe, que ainda estava amarrada por uma corda à perna dela.

Com a prancha na boca, o tubarão arrastou Mighall debaixo d’água pela segunda vez. Momentos depois, apareceu novamente na superfície com a prancha mordida.

Mundy colocou a prima nas costas e remou freneticamente até a praia.

mergulhador e tubarão
Legenda da foto,Um exemplar de tubarão-branco com cerca de 6 metros de comprimento foi visto por mergulhadores em águas próximas ao Havaí

“O tubarão ficava nos rodeando debaixo d’água”, conta Mighall.

“Então, veio uma onda e Syb disse: ‘Temos que pegar essa onda, vai salvar nossas vidas.’ Eu só conseguia bater na água porque estava aterrorizada, mas ele remou, e a onda nos levou para a praia.”

“O tubarão fez o trajeto todo com a gente até a praia. Podíamos ver sua barbatana enquanto surfávamos a mesma onda.”

Para sorte de Mighall, entre as poucas pessoas na praia que testemunharam o ocorrido, estavam um médico e uma enfermeira. Ela recebeu os primeiros socorros no local, enquanto aguardava a chegada de uma ambulância.

Mais de 10 anos depois, ele ainda tem cicatrizes profundas na perna que mostram o contorno da boca do tubarão, e sua perna direita é mais fraca que a esquerda.

Mighall foi uma das 83 pessoas em todo o mundo, no ano de 2009, atacadas por tubarões sem que os tivessem provocado. Uma estatística que tem se mantido estável na última década.