Pesquisa mostra que a rotação do núcleo interno da Terra perdeu velocidade nos últimos 14 anos, o que pode acarretar prolongamento dos dias. Mas mudança seria imperceptível..
Por Felipe Espinosa Wang / POR SRS
O campo magnético é gerado por eletricidade que resulta no movimento de correntes de convecção de ferro fundido no núcleo externo da Terra — Foto: Science Photo Library
Uma pesquisa recente liderada pela Universidade do Sul da Califórnia (USC, na sigla em inglês) revelou um fenômeno intrigante: a rotação do núcleo interno da Terra desacelerou significativamente em comparação com a superfície do planeta nos últimos 14 anos.
Essa descoberta, publicada na revista científica Nature, levanta novas questões sobre a dinâmica interna do planeta e seu possível impacto na superfície. Além disso, os pesquisadores apontam que, se essa tendência misteriosa continuar, ela poderá prolongar os dias na Terra, embora os efeitos sejam imperceptíveis.
O núcleo interno, uma esfera superdensa e ardente de ferro e níquel do tamanho da Lua e localizada a mais de 4.800 quilômetros abaixo da superfície da Terra, é um objeto difícil de estudar.
Entretanto, sabe-se que esse núcleo é cercado por um núcleo externo de metal fundido, ambos encapsulados pelo manto da Terra, uma camada sólida de rocha. Embora o planeta inteiro gire, o núcleo interno pode se mover numa velocidade diferente devido à viscosidade do núcleo externo.
Há 40 anos que os cientistas sabem que o núcleo interno tende a girar um pouco mais rápido do que a crosta e o manto. Entretanto, o novo estudo, liderado pelo cientista John Vidale, da USC, marca um ponto de inflexão ao mostrar “com evidência inequívoca” que, desde 2010, esse núcleo começou a desacelerar.
“Mas quando encontramos mais duas dúzias de observações que indicavam o mesmo padrão, o resultado foi inevitável. O núcleo interno havia se desacelerado pela primeira vez em muitas décadas. Outros cientistas defenderam recentemente modelos semelhantes e diferentes, mas nosso estudo mais recente oferece a resolução mais convincente”, acrescentou.
Para estudar esses movimentos, cientistas como Vidale usam ondas sísmicas geradas por terremotos e testes nucleares. Nessa pesquisa específica, foram analisados dados de 121 terremotos repetidos nas Ilhas Sandwich do Sul e testes nucleares antigos, o que permitiu que a equipe tivesse uma visão mais clara do comportamento do núcleo.