Europa restringe comércio de diamantes russos que financiariam guerra na Ucrânia

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Por Letícia Fonseca-Sourander, RFI

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Todos os anos a Rússia arrecada entre US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões com o comércio de seus diamantes brutos, cifras que estariam contribuindo para o financiamento do conflito.

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As sanções contra os diamantes russos comercializados na Europa, principalmente na cidade da Antuérpia, na Bélgica, estavam na mira da União Europeia há meses. O setor, que é uma fonte valiosa para Moscou, pode estar financiando a guerra na Ucrânia. O anúncio sobre a restrição do comércio das pedras preciosas exportadas pela Rússia chegou direto de Hiroshima, no Japão, onde os líderes do G7 estavam reunidos.

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Todos os anos a Rússia arrecada entre US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões com o comércio de seus diamantes brutos, cifras que estariam contribuindo para o financiamento da guerra na Ucrânia. Considerado um dos setores mais lucrativos para Moscou, os diamantes são o terceiro produto de exportação do país, depois do petróleo e do gás, e até então estavam sendo poupados das sanções do bloco europeu. O motivo era a resistência do governo da Bélgica que tentava proteger o principal centro de vendas de diamantes do mundo na Antuérpia, a segunda cidade do país

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Quase um terço dos diamantes comercializados na Antuérpia vêm da Rússia. Em 2020, mais de € 1 bilhão em diamantes russos passaram pelo porto flamengo. A relutância do governo belga em proibir as importações de diamantes russos indignou a Ucrânia e seus apoiadores na União Europeia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky inclusive lançou um apelo: “a paz é mais importante do que os diamantes russos vendidos na Antuérpia”.

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“Os diamantes russos não são eternos”

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As sete maiores economias mundiais decidiram aumentar a pressão contra Moscou e “privar a Rússia da tecnologia, equipamentos industriais e serviços que apoiam a máquina de guerra”, conforme o comunicado divulgado em Hiroshima, no Japão. O Reino Unido anunciou sanções contra o setor de mineração da Rússia com proibições às exportações de alumínio, diamantes, cobre e níquel.

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Logo depois, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, informou que a União Europeia vai impôr a restrição do comércio de diamantes russos para “desligar a Rússia de seus financiadores”, e afirmou em tom de ironia que “os diamantes russos não são eternos”.

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Bruxelas estava resistindo à proibição das pedras preciosas por receio de que as sanções apenas desviariam o comércio da Antuérpia, sem realmente prejudicar o financiamento da guerra de Vladimir Putin. Atualmente, a Antuérpia negocia 85% dos diamantes brutos e 50% dos diamantes lapidados do mundo, o equivalente a US$ 50 bilhões anuais. Antes da guerra na Ucrânia, os diamantes russos representavam cerca de 25% dos diamantes que entravam na Antuérpia.

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Moscou minimizou o impacto das sanções da União Europeia e do Reino Unido contra o comércio dos diamantes russos, afirmando que o mercado oferece outras alternativas. A Rússia tem as maiores reservas de diamantes naturais do planeta e as sanções do bloco europeu visam a Alrosa, grupo de empresas de mineração dos governos federal e regional russos.

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O plano de Bruxelas é adotar um sistema internacional para rastrear a origem das pedras preciosas reduzindo assim as encomendas a fornecedores russos. De acordo com o Antwerp World Diamond Center, as sanções podem ter um impacto significativo no negócio de diamantes.

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“É um golpe que deve prejudicar a Rússia, mas há uma chance de causarmos mais danos a nós mesmos. Os russos podem facilmente negociar seus diamantes com países não pertencentes à União Europeia”, como Dubai e Índia, por exemplo, segundo fontes oficiais. Para a entidade, as sanções podem provocar 10 mil desempregos na Antuérpia.

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Antuérpia, capital mundial dos diamantes

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A Antuérpia comercializa as pedras desde o século 15 e é considerada a capital mundial dos diamantes graças à fama que a região conquistou com o comércio da pedra preciosa. Os comerciantes da cidade foram aos poucos adquirindo prestígio e reputação pela qualidade dos diamantes que selecionavam, e pela excelência na lapidação e polimento. Até mesmo o rei Francisco I da França, grande patrono das artes, preferia encomendar trabalhos aos mestres lapidadores da Antuérpia do que nas oficinas de talho de Paris.

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Ao longo do século 16, a Antuérpia era a cidade mais rica da Europa e por seu porto circulavam 40% das mercadorias do mundo. Estrategicamente localizada, às margens do rio Escalda com acesso privilegiado para o mar do Norte, a cidade se tornou um importante eixo de trânsito comercial entre a Europa e as Índias. Na época, as Índias eram as principais fornecedoras de diamantes brutos. No mesmo período, os judeus que fugiam das expulsões e perseguições em Portugal e na Espanha encontraram refúgio na Antuérpia.

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Na Europa cristã, eram poucas as profissões permitidas aos judeus. A lapidação de diamantes era uma delas. Assim a Antuérpia se transformou rapidamente em um importante centro diamantário. O comércio de diamantes na Antuérpia foi afetado pela Depressão dos anos 1930 e desapareceu durante a 2ª Guerra Mundial mas foi retomado logo após o fim da guera.

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